O aluguel de ações tem se tornado uma estratégia cada vez mais comum no mercado financeiro, oferecendo alternativas de rentabilidade para investidores
O investimento em renda variável é uma estratégia muito utilizada para quem quer fazer seu patrimônio crescer e seu dinheiro render. Uma das maneiras mais populares de investir na renda variável é por meio de ações.
Você provavelmente já sabe como funciona a compra e a venda de ações na Bolsa de Valores, isso se já não investe nesses ativos. Mas você sabia que existe outra modalidade, menos comum, conhecida como aluguel de ações?Essa prática já ocorre no Brasil desde os anos 1990, mas muitas pessoas não sabem que ela existe. Neste artigo, vamos explicar o que é e como funciona o aluguel de ações e quais são suas vantagens e seus riscos.
Lembre-se: este conteúdo não é uma recomendação de investimento.
O que é aluguel de ações?

O aluguel de ações é um tipo de operação em que um investidor (o doador) disponibiliza temporariamente as ações de sua carteira para que outros investidores (os tomadores) possam usá-las no mercado financeiro. Em troca disso, o doador das ações é remunerado.
Essa prática também é conhecida como empréstimo de ativos e BTB (Banco de Títulos BM&FBovespa). A lógica é a mesma do aluguel de um imóvel no mercado imobiliário. A diferença é que as negociações acontecem em um ambiente específico da Bolsa de Valores.
O objetivo do doador é obter uma renda a mais com as ações paradas em sua carteira. Já o do tomador, o foco normalmente é fazer trading, realizando movimentações de curto prazo na Bolsa usando as ações de terceiros. Dessa forma, ele não precisa ter os papéis na carteira para utilizá-los em suas operações.
Como o aluguel de ações funciona?
Como dissemos, o funcionamento do aluguel de ações é bem similar ao do aluguel de imóveis. O doador manifesta o interesse de alugar suas ações à corretora, e ela atua como intermediária entre ele e o tomador, que precisa oferecer garantias para poder alugar.

As taxas recebidas pelo aluguel variam de acordo com a disponibilidade e a demanda dos ativos. Se a operação de aluguel realmente ocorrer, a Bolsa de Valores processa-a automaticamente. Os ativos saem da carteira do doador e são inseridos na do tomador, para que ele os utilize de acordo com sua estratégia de investimentos.
Os ativos alugados podem ser usados em diferentes estratégias, como arbitragem, hedge, operações estruturadas (long & short), operações com venda a descoberto e até para ter direito a participar de assembleias.
É importante pontuar que, ao alugar a ação, o doador não se desfaz dela e continua recebendo dividendos mesmo que os ativos estejam alugados para terceiros. E mesmo se houver aumento ou queda do preço da ação, a cobrança da taxa de aluguel não é afetada.
Após o vencimento da locação, as ações voltam para a carteira do doador, podendo inclusive ser alugadas de novo. No fim da operação de aluguel, o ganho do doador será o da taxa de aluguel menos os custos operacionais e o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte).

Vale a pena alugar ações?
O aluguel de ações pode oferecer vantagens tanto para o doador quanto para o tomador, mas também envolve alguns riscos que precisam ser considerados na hora de optar por essa estratégia.
Para o doador, a maior vantagem é a possibilidade de rentabilizar os ativos em sua carteira sem esforços extras, já que toda a operação é mediada pela corretora de valores. Normalmente, opta-se por alugar as ações quando não há a intenção de vendê-las tão cedo.
Além de receber a taxa de aluguel previamente combinada, o doador ainda pode continuar recebendo os dividendos gerados pelas ações mesmo quando elas estão alugadas. O único direito que o doador perde temporariamente é o de votar em assembleias.
Já para o tomador, alugar ações pode ser vantajoso pois permite fazer movimentações de curto ou curtíssimo prazo sem ter necessariamente que comprar os papéis. Vale lembrar, contudo, que as operações nem sempre trazem ganhos e que é preciso pôr na conta a taxa de aluguel e as alíquotas que incidem sobre o lucro para ver se compensam.
E, é claro, é preciso levar em consideração os riscos envolvidos. Para o doador, os riscos são mínimos — somente o risco de mercado, ou seja, de o valor da ação cair durante a locação.

Já para o tomador, os riscos são maiores, especialmente se ele for usar as ações alugadas para especulação, dada a imprevisibilidade do mercado. Afinal, não é possível garantir que o preço da ação alugada cairá. Além disso, mesmo que a operação não traga lucro, será preciso pagar a taxa de aluguel.
No fim das contas, alugar ações pode valer ou não a pena dependendo do seu perfil de investidor, dos objetivos de investimento e das estratégias adotadas. É preciso considerar também os custos envolvidos para saber se eles irão compensar.